O termo “psicologia médica” foi utilizado pela primeira vez no século XIX pelo psiquiatra Feuchtersleben que percebeu a necessidade de qualificação de profissionais de saúde para a compreensão dos aspectos psicológicos no processo de adoecimento. Desde então, a disciplina foi integrada de forma progressiva como matéria nos cursos de medicina, tornando-se o ensino de seus fundamentos obrigatório no currículo médico brasileiro em 1969. Apesar desse extenso histórico da disciplina, muitos profissionais da saúde ainda não estão familiarizados com essa área.
A psicologia médica se dedica a compreender o ser humano enquanto paciente e suas relações com a equipe assistencial no processo do adoecimento. Para Schneider, um dos grandes expoentes dessa área, ela apresenta como função “preparar psicologicamente o médico com o objetivo de que possa melhor compreender o paciente”. Para Jeammet e colaboradores, é “a disciplina ou ramo de estudo médico que visa proporcionar ao médico e profissionais de saúde informações e conhecimentos suficientes para que ele possa compreender o doente enquanto pessoa humana portadora de uma doença, facilitando a aplicação dos conhecimentos médico-científicos. Visa também a formação do próprio profissional de saúde por meio do conhecimento do desenvolvimento psicológico de seu ‘status’ e ‘papel’ profissional, consideradas as implicações pessoais e sociais de sua atuação”. Nesse sentido, a psicologia médica propicia o desenvolvimento de técnicas para um melhor entendimento do paciente de forma integral, partindo do conceito biopsicossocial de saúde, e para melhor aplicação dos conhecimentos clínicos na prática, além de fomentar a formação do estudante enquanto um profissional da saúde consciente de seu papel.
Na prática cotidiana, a aplicação dos conhecimentos da psicologia médica viabiliza uma melhor interação entre profissional da saúde e paciente, identificação de fatores que influenciam na habilidade de comunicação, no diagnóstico de afecções, na adesão a tratamentos e no bom relacionamento médico-paciente. Dessa forma, o ensino da psicologia médica se faz fundamental na formação médica, tendo como objetivo o aperfeiçoamento das aptidões psicológicas no ensino da medicina, englobando assuntos como relação médico-paciente, os aspectos psicológicos do exame do paciente, o processo de adoecimento, ciclo de vida e morte, entre outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE MARCO, M. A. et al. Psicologia médica: abordagem integral do processo saúde-doença. Porto Alegre: Artmed, 2012.
JEAMMET, P. et al. Manual de psicologia médica. São Paulo: Durban, 1989.
KRETSCHMER, E. Psicologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1974.
SCHNEIDER, P. B. Psicologia aplicada a la practica médica. Buenos Aires: Editorial Paidos, 1974.
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