“Eu não posso fazer nada”, “os outros vão ser mais felizes sem mim”, “não aguento mais”, “eu preferia estar morto”. Essas são frases de alerta frequentemente associadas ao comportamento suicida. Apesar de ser um sério problema de saúde pública, com cerca de 800 000 mortes por ano devido ao suicídio, profissionais de saúde e a população em geral ainda têm grande dificuldade para abordar esse tema de forma aberta e informada, o que prejudica a prevenção desse desfecho.

O suicídio é definido como execução de ato cujo objetivo é retirar a própria vida. É importante identificar os grupos de maior risco de suicídio para a intervenção precoce e prevenção do ato. São considerados fatores de risco: eventos estressores de vida recente, tais como perdas, estresse agudo, rejeições sociais; e transtornos psiquiátricos, particularmente transtorno depressivo e transtornos relacionados ao uso de substância. No contexto atual de pandemia, medo, distanciamento social e instabilidade financeira destacam-se como fatores agravantes da saúde mental e com potencial para elevarem as taxas de suicídio.

O primeiro passo para abordagem de um paciente em risco de suicídio é o diálogo. Nesse momento, é importante mostrar apoio e disponibilidade para um diálogo aberto, sem julgamentos ou banalização da situação. Em seguida, deve ser incentivada a procura de atendimento profissional, seja com médico, enfermeiro, psicólogo ou assistente social. Em casos de perigo imediato, é fundamental entrar em contato com serviços de emergência, como SAMU, ou serviço de atendimento a crises, como o Centro de Valorização da Vida (CVV).

No atendimento em saúde, se há identificação de sentimentos de tristeza, solidão desamparo, desesperança e autodesvalorização, é essencial fornecer um espaço seguro para que o paciente fale abertamente de seus sentimentos, sem ser julgado. Além disso, o paciente deve ser questionado sobre o estado mental atual e pensamentos sobre morte e suicídio, se existe algum plano para o ato de autoextermínio, se o indivíduo apresenta sistema de apoio, como família e amigos. De acordo com as respostas, o profissional deve planejar as ações necessárias, como marcação de consultas mais frequentes, encaminhamento para atendimento psiquiátrico, contato com família e amigos ou até internação hospitalar.

Diante disso, é importante reforçar que a maioria dos suicídios pode ser prevenido, desde que haja preparo da sociedade e dos serviços em saúde para a identificação dos indivíduos em risco e adequada abordagem.

Onde buscar ajuda:
SAMU 192
CVV: 141 ou www.cvv.org.br (chat, Skype, e-mail)
CAPS

Para mais informações:

Prevenção ao suicídio: um manual para profissionais da saúde em atenção primária, OMS, 2000
https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf

Prevenção Suicídio: Manual dirigido ao público em geral, Ministério da Saúde, 2017 https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf

Cartilha “Suicídio – Informando para prevenir”, ABP/CFM, 2020
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14#page/42

Portal Fiocruz: especial suicídio: https://portal.fiocruz.br/suicidio

Centro de Valorização da Vida: https://www.cvv.org.br/

 

Referências bibliográficas:

CORRÊA, H.; NEVES, M. C. L. Suicídio. In: NARDI, A. E.; SILVA, A. G.; QUEVEDO, J. L. (Org.) Associação Brasileira de Psiquiatria; PROPSIQ Programa de Atualização em Psiquiatria: Ciclo 3. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2013. p. 123-152. (Sistema de Educação Médica Continuada a Distância, v. 2).

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção ao suicídio: Um manual para profissionais da saúde em atenção primária.Genebra: WHO,2000 .Disponível em: <https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf> Acesso em: 06 de nov de 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Prevenção Suicídio: Manual dirigido ao público em geral. Brasil: MS, 2017. Disponível em: <https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf>.Acesso em :06 de nov de 2020.

WORLD HEALTH ASSOCIATION. Suicide, 2019. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide> . Acesso em: 06 de nov de 2020.

FIOCRUZ, Suicídio na Pandemia de COVID-19. Série Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19.Brasil,2020. Disponível em: <https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf > Acesso em :06 de nov de 2020.

 

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