Em 1998, após conclusão de mestrado com a dissertação: Estudo psicossocial de portadores de úlcera péptica na erradicação do Helicobacter pylori, o professor de psiquiatria do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, José Lorenzato de Mendonça, recebe a aprovação e autorização dos órgãos universitários competentes para iniciar a abertura de vagas para o Curso de Aperfeiçoamento em Psicologia Médica, que tem início no ano de 2.000.

     Para a criação do Curso o Professor Lorenzato partiu da hipótese da existência de uma lacuna na formação do profissional de saúde com relação à identificação de sinais e sintomas de transtornos psicossociais no atendimento aos pacientes nos serviços de saúde, público ou privado, hipótese essa que foi comprovada ao longo desses 20 anos de existência do Curso.

       Os objetivos, portanto, eram os de capacitar os alunos na identificação de sinais e sintomas psicossociais mórbidos no atendimento de enfermos. Pretendia também que os alunos se sentissem mais seguros no atendimento ao paciente, além de terem uma melhor atuação preventiva, diagnóstica, terapêutica e reabilitadora destes pacientes.

       A orientação teórica do Curso procurou se manter principalmente conectada às evidências da psicologia cognitiva, comportamental e psicanalítica. No início abordava os fundamentos da Psicologia Médica, o funcionamento da mente, a gênese e natureza da personalidade, a relação mãe-bebê-pai, o papel das emoções na produção das doenças, o paciente psicossomático, o cérebro, o inconsciente e a doença corporal, a relação profissional de saúde – paciente – família, e as abordagens psicossociais de enfermos orgânicos nas diversas especialidades médicas. Ao longo dos anos o programa foi sofrendo pequenas reformulações e novos temas foram acrescentados, como: estresse e carga alostática, a memória, teoria do apego, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, efeito placebo e nocebo, e a saúde do cuidador.

      O Curso vem mantendo os temas básicos da psicoterapia cognitivo-comportamental, como o modelo cognitivo, as crenças, os pensamentos automáticos, técnicas comportamentais e a prevenção de recaídas. Temas psicanalíticos como a personalidade, a família, o desamparo, as pulsões do id e do superego, as funções do ego, a posição narcisista, a teoria dos vínculos, e a psicopatologia das neuroses, histerias, depressões, psicoses, somatizações e perversões, são abordados. Na perspectiva da psicanálise contemporânea e da neurobiologia estuda também o processo da regulação interativa à self-regulação, pensamento operatório e alexitimia, os fracassos do self, as consequências do narcisismo, e a hipótese da alma como ideia do corpo.

    A relevância do curso está no caráter indispensável dos conhecimentos da Psicologia Médica para médicos e psicólogos, considerando a carência de formação acadêmica adequada nesta área específica. As perspectivas futuras do curso apontam, não só para uma melhor qualificação desses profissionais que lidam diretamente com pacientes, como para baratear custos que uma assistência exclusivamente biológica implica.

Professores do Curso:

Prof. José Lorenzato de Mendonça – desde 2000
Dr. Geraldo Caldeira – 2000 a 2017
Dra. Juliana Caldeira – colaboradora
Profs. Cíntia Fuzikawa e Rodrigo Nicolato – desde 2017